quinta-feira, abril 29, 2004

3D

É um palerma refinado, de gostos invulgares e de ideias muito próprias. Desloca-se de hiato em hiato, onde existe algo por preencher. Consegue ser impenetrável, aliás, não sabe ser de outra maneira. Quando alguém lá chega, já ele veio embora há muito. E nesse ímpeto escorregadio, está muito para além do que os outros podem ver. Às vezes é como se fosse um holograma, parece estar ali, mas não existe em matéria corpórea.
Detesta as realidades fáceis. É indissociável de um humor imediato, tudo serve para satirizar, desde que não seja fácil. Adora metáforas e sublima tudo o que não lhe é tangível.
A sua extrema sensibilidade é demasiado densa e opaca. E por isso não se mistura, circunda apenas. Mostra aos outros muito pouco do que verdadeiramente é. Há quem lhe chame antipático nato. E ele adora, porque sabe que é o ex-libris do seu charme. Mas fica por aí. Defende-se com um arsenal invejável que é, na verdade, o espelho de todas as suas fraquezas. Perde-se e encontra-se, perde-se e encontra-se, perde-se e encontra-se… e nesta deambulatória de encontros e desencontros entre si e si mesmo, nunca ninguém lá está para o amparar porque, à partida, ninguém o viu cair…

quarta-feira, abril 28, 2004

Betty Boop

A sua doçura tem tanto de enigmática quanto de encantadora. Admiro-a pela sua independência e pela forma como a sua juventude lhe ferve nas veias, embora trema perante novos desafios. Recordo com um sorriso todos os momentos em que nos juntamos para negar a monotonia e gozar com os cromos. É uma pessoa dotada de uma transparência invejável e não consigo conceber a minha vida sem a sua presença.

segunda-feira, abril 19, 2004

BONEQUINHO CONFESSIONÁRIO

Deve ser a pessoa com quem tenho maior cumplicidade e que melhor me conhece. É alguém que aprendeu a desnudar o meu interior e sabe ler a minha alma. A sua inteligência e argúcia são por vezes um obstáculo quando pretendo esconder algo. Ensinou-me que não devemos esperar das pessoas aquilo que queremos, mas antes (e apenas) aquilo que sabemos que podemos esperar.
É um resistente à mudança e gosta de se mover em chão firme. A sua fragilidade não está ao alcance de todos e perscruta no horizonte a vontade de ser livre, livre dos medos e da incerteza, da insegurança e do risco incalculado.

Tem muito medo de amar, mas quando ama, não tem limite…

E eu sei isso, mesmo cá dentro…

Beijo grande cheio de amor.

Duende

O CUPIDO

Falta-lhe o arco e as setas. A sua imaginação é divertidamente assustadora e às vezes sinto que a sua perspicácia ultrapassa o inteligível. Não conheço ninguém com tamanha força interior e a coragem na forma como lida com o adverso recorda-me a expressão “O corpo dá sempre mais…”. Gosta de se proteger de quem não lhe interessa, mas tem uma capacidade de entrega infindável e vive a felicidade dos outros como se fosse a sua.
A sua rigidez impele-a muitas vezes para uma crítica mordaz e impiedosa. Não obstante, a sua racionalidade e sentimento de justiça equilibram o seu vício avaliador, muitas vezes carente de base segura.

A imensidão de carácter que emana da sua alma faz-me sentir que, sem ela, eu seria muito mais pobre.

Duende

sexta-feira, abril 02, 2004

Hoje inicio uma maratona de posts dedicados a pessoas que assumem importância na minha vida. A ordem pela qual as vou apresentando é aleatória, consoante dita a minha vontade...



GELI
Un día nos cruzamos… tu sonreísa y amabilidad contagiáron el ambiente como una raya de sol. Y no fuí, jamás, la misma.

Los desayunos a las siete de la mañana, tu mala leche de un sueño que no dormiste, el cepillo en las rayas de los pasillos, las bromas y cachondeos, las charlas serias, el albariño en el sótano, la sesión de fotos, el maquillaje antes de las movidas, el “kiriki y a la puta calle”, los calamares intragables, el queso con membrillo divino, el pan tomaca con ketchup, las enanas demoníacas, las pelis dobladas y el “Yupi, cabrón” (por Dios), la cremación de Alejandro, las sábanas azules, la salida por la puerta grande, la cena portuguesa, el argentino y sus pringaos, el “me pongo colorada cuan-do me mi-ras”...

Lo cuanto te quiero no se escribe ni con cientos y cientos de palabras. Y la ilusión que me hace nuestra cumplicidad jamás se extingue. Haces parte de mi vida, no como un simple recuerdo, pero como una realidad inegable... sigue ardiendo en mi alma la magnitud de nuestra amistad y te sonreío todos los días, como se estuvieras a mi lado.

Y ya cuando séamos abuelitas, con las espaldas encorvadas y la piel arrugada, jugaremos, como dos crías, las memorias de un pasado, la alegria del presente y la promesa de un futuro...

Duende