O BEIJO
Perguntava-me uma adolescente num destes últimos dias de Outono, se era errado, num grupo de amigos, rapazes e raparigas beijarem-se na boca, como cumprimento habitual e à margem de um contexto de namoro ou relação “colorida”, como se de um simples beijo na cara se tratasse.
Lembrei-me de imediato dos meus quinze anos, altura em que no meu grupo de púberes, essa era uma prática recorrente, embora eu não participasse desses rituais. Se certo é que nunca fui adepta dessas cumplicidades, talvez porque a minha extroversão não chegava para tanto, mais certo é que, à luz das minhas convicções actuais, trata-se de jogos típicos do desenvolvimento natural do adolescente. O desejo de intimidade, a descoberta dos prazeres da sexualidade, a necessidade de afirmação da identidade, explicam amplamente estes rituais. E cada um vive-os à sua maneira, e da forma como isso o faz sentir.
Por esse prisma, não faz sentido falar em certo ou errado, mas antes no que faz sentir melhor ou pior. Na verdade, não me ocorreu uma resposta mais acertada para uma garota que procurava a aprovação de um comportamento alvo de conflito interno entre a moral e libido. Apenas me preocupei que percebesse que a escolha deve ser tomada em função daquilo que a leva a sentir-se melhor consigo própria e com os outros. Acredito que não era a resposta que esperava, mas o facto de lhe ser exclusivamente imputada toda a responsabilidade das decisões a tomar, arrebatou-lhe um sorriso do rosto deliciosamente sincero…!
Duende
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