Dei comigo a pensar num sonho que tive com sete anos e que ainda hoje guardo na memória como se o tivesse sonhado ontem… De facto, vislumbro o mundo onírico com a sua eterna e extraordinária capacidade persuasiva, porque nos leva a acreditar que somos mais do que aquilo que mostramos no limiar consciente. E jamais conseguimos prová-lo, porque é um mundo ao qual só nós temos acesso genuíno. E estas coisas marcam-me. Profundamente. Tanto é que não o consegui esquecer. Ensinou-me algumas coisas sobre mim. Aqui vos deixo esse sonho, tão estranho e tão revelador…!
“Estou sozinha com a minha mãe numa casa desconhecida. Está tudo muito calmo, ela está na sala de jantar, sentada no sofá, com um ar cansado. Entretanto, num acto repentino, pega numa espada que tinha a seu lado (escondida) e mata-se, com um golpe certeiro no ventre. Num acto de desespero, dou-lhe um grande estalo por ter cometido tamanha atrocidade consigo própria – ela já estava morta.
Corri para a cozinha desenfreadamente, e estava ela, a mesma minha mãe, a lavar a loiça. Eu simplesmente balbucio com voz trémula: “Mamã, a mamã matou-se”. E acordei.
Duende
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